27 novembro 2009

Em Defesa da Natureza

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Existem várias atividades semelhantes ao esporte da Caça Submarina, o que muitas vezes acaba confundindo as pessoas criando uma falsa imagem sobre o nosso esporte.

É comum, para o leigo confundir a pesca esportiva submarina com o mergulho autônomo ou com a pesca profissional submarina pois todas são atividades realizadas em baixo d`água, mergulhando. Apesar de serem todos mergulhadores, essas atividades possuem essências distintas que devem ser separadas para que cada uma possa se desenvolver dentro do que se propõe, permitindo maior esclarecimento dos objetivos de cada atividade.

O mergulho autônomo é aquele em que, o mergulhador respira de baixo d`água com o uso de aparelhos utilizando garrafa de ar comprimido ou narguilê. O objetivo do praticante do mergulho autônomo pode ser unicamente o de observar o fundo do mar, praticar turismo submarino, ou realizar algum tipo de trabalho como coleta de material, salvamento, filmagem, etc.

A Caça Submarina que é uma modalidade esportiva praticada há mais de 40 anos por atletas filiados há vários clubes náuticos de renome do Estado do Rio de Janeiro, somente é permitida a atividade em apnéia, ou seja, no fôlego, não sendo autorizada há,utilização de qualquer aparelho artificial para a respiração. E a caça submarina tem como principal objetivo à competição e confraternização de pessoas através da pesca com arpão.

A maior confusão que ocorre é quando as pessoas confundem o esporte com a pesca profissional, aquela que usa equipamento de respiração autônomo como garrafa de ar comprimido. Devido a facilidade de captura de peixes com o uso desses equipamentos, os leigos quando vai ao mercado comprar peixes, e observam na banca lindos exemplares capturados de mergulho, interpretam que esta captura foi feita pelo esportista. Isso pode até ocorrer, mas é uma situação rara. Pois para o atleta conseguir vencer as dificuldades e os limites que o mar nos impõe é necessário muitos anos de dedicação e muita saúde.

Em nosso esporte temos a preocupação de limitar o peso e tamanho dos peixes, inclusive sob acompanhamento científico da UNIPLI, que analisa as vísceras do pescado capturado. Já para o profissional não existe limite de quantidade, pega-se tudo que o mercado puder comprar.

O mergulho em apnéia exige um bom preparo físico e um profundo conhecimento de seus limites. É um esporte de risco e o atleta pode até se afogar quando, empolgado com o peixe, perde a noção de seu fôlego e ao subir perde a consciência, o que é conhecido como apagamento. Já com o uso de aparelhos de respiração não é necessária muita aptidão física, além do tempo de ar numa garrafa ser de até duas horas.

Enquanto isso na apnéia, um ótimo atleta fica no máximo dois minutos sem respirar. Além disto existe o limite de profundidade: um bom esportista pesca entre 15 e 20 metros, de garrafa desce-se aos 30, 40 metros sem muito esforço. Portanto as diferenças são enormes.

Nestes últimos anos temos percebido um aumento grande do número de pessoas exercendo a atividade profissional da pesca submarina e, a grande maioria sem a devida consciência ambiental.

Não somos contra qualquer atividade profissional, nossa crítica se restringe a falta de critério e de controle da forma como é praticada, hoje, essa atividade profissional aqui no Rio e que, infelizmente, temos testemunhado seus efeitos predatórios.

Facilmente se percebe que as chances dos peixes, na pesca profissional, diminuem enormemente. O resultado disso é o que temos acompanhado ao longo destes últimos anos, o peixe começa a desaparecer do nosso litoral.

Assim como a nossa atividade esportiva, a pesca profissional tem sua atividade regulada e controlada pelo IBAMA. Fica aqui nosso protesto: Que o IBAMA atue e cumpra com seu papel fiscalizador e controlador da pesca profissional no Brasil, com especial atenção para a pesca profissional de aparelho no nosso litoral do Rio de Janeiro.

O que queremos distinguir é que isso é uma grande preocupação da Federação de Caça Submarina do Estado do Rio de Janeiro - FCSERJ - é que o pescador profissional que se vale do uso de equipamentos esportivos de pesca como o arpão, e dos equipamentos de mergulho autônomo como a garrafa, não pode ser visto como esportista. Não tem nada a ver com nossa Federação. É uma atividade profissional que produz alimento para a população como outra qualquer.

Muitas pessoas são contra a caça submarina por confundirem o esporte com este tipo de pesca profissional. Essa confusão nos prejudica bastante, principalmente no que se refere a aquisição de apoio ao esporte, e também na sua divulgação através da imprensa.

A captura de peixes é uma conseqüência de nossa atividade, não a finalidade. Através da pesca submarina temos conseguido integrar as pessoas com o mar, permitindo que conheçam mais profundamente o real equilíbrio da nossa fauna marinha e exerçam em conseqüência disso o direito de protestar e reclamar da falta de atuação dos órgãos governamentais e dos abusos cometidos com a natureza em troca de benefícios financeiros imediatistas.

Desejamos que as próximas gerações tenham também oportunidade de contar histórias de pescador.

Autor: Mauro Antônio do Coutto (Presidente da FCSERJ)

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